01 março, 2011

Babelle II







O telefone tocou. Babelle continuou deitada no chão gelado da sala, vestida apenas de calcinha e camiseta. Sentindo a frieza do chão cortando sua pele. Começou a rir, imaginando a confusão que iria ser se a mãe dela a visse. A falta da sua mãe preencheu-a completamente. O telefone tocou novamente. Ela se sentou e ficou imaginando quantas horas havia passado ali. Fazia isso desde pequena - escondida da mãe, é claro! -, deitava-se no chão gelado e esquecia do mundo. Antes do telefone tocar a terceira vez, Babelle tirou-o do gancho.

 - Alô?- Perguntou, levantando-se do piso para se sentar na sua poltrona verde-limão. Como não obteve resposta, repetiu.

 Já era a sétima vez aquele dia. Suspirou e continuou:

 - Por favor, fale-me quem é. Não é possível que ligue apenas para ouvir minha voz... Ou é? Faz um mês que me liga e eu nem ao menos sua voz, se é homem ou mulher ou seu nome. Qual seu medo? Eu ainda não fui simpática o suficiente para você se sentir seguro? Na verdade, isso de você ter medo não tem nem lógica. Afinal, eu sou a garota que recebe ligações de um desconhecido sempre nos mesmo horários. Mas não estou com medo... Quero apenas que me conte quem é você.

Ela ouviu algo do outro lado da linha. Achou que dessa vez descobriria quem era a pessoa. Sentia a hesitação... E de repente, desligaram.

Babelle que estava sem respirar de ansiedade, soltou um grande suspiro. Levantou-se em direção a cozinha para preparar a janta, mas sabia que depois de duas horas o telefone iria tocar outra vez.