13 dezembro, 2010

(des)Ventura.


Seu sabor era doce. Não se sentia mais nervosa, sentia-se em casa quando aspirava ao cheiro suave da pele tão branca tingida com pequenos pontinhos ferrugem. Não o achava mais inalcançável, sentia-o como uma parte dela. Era totalmente dele, e ele dela. Um cantor jamaicano fazia a trilha sonora daquela tarde quente e as paredes enfeitadas com Dali criava um cenário afetuoso. Naquela rede fria, sentia o corpo fervente dele, e se abrigava. Não escondeu nada dele, ela deixava sua alma exposta e deslizava nas pernas dele. As linguas se confundiam e bailavam.

Estava perdida, começava a sentir o formigamento de um sentimento forte demais por aquele rapaz, que vinha de tão longe e ia embora ao amanhecer. Sabia que não seria para sempre aquela tarde, mas encontrou a eternidade nos seus braços. Derramou gemidos de prazer no ouvido dele, e adormeceram juntos.

Ela sem querer acordar, levantou quando já não havia claridade no céu. Deu o último beijo no seu adormecido e sussurrou um adeus entristecido. Pegou a mochila e fugiu daqueles sentimentos loucos que entorpeciam seu coração inexperiente. Ao passar pela porta da casa dele, Alice rezava para não doer tanto quando despertasse do seu País das Maravilhas.

3 comentários:

Maike Guerra disse...

puts, que história, vc me surpreendendo cada vez mais, já sabe que sou fã de suas palavras e de vc. ♥

Kristal disse...

Que triste, Débora. Por que tem que acabar com despedida? =(
Fiquei na dúvida se esse é continuação do anterior o não. É?
Adorei a associação com Alice, sou simplesmente apaixonada por essa história *-* E seu texto, como sempre, me deixou feliz. É meigo, humano e um pouco triste. ^^ Um beijo.

Kristal disse...

Ahhhh! aeuheaueha Como eu sou lesa, nem tinha me tocado! xD Só tinha pensado: "Nossa, ela gosta mesmo da palavra 'ventura'" ^^ haeuheaeuhe