30 dezembro, 2010

Vacas que não temem a morte.







Estava terminando de colocar as malas no carro e as lágrimas percorriam suas bochechas. Nunca foi de chorar, mas precisava ir atrás do que queria. Não o achariam na cama, nem suas roupas pelo quarto. Muito menos alguma carta de despedida. Não que ele não tivesse coração e não se preocupasse como iriam se sentir, mas ele tinha certeza que quando parasse para pensar em dar adeus, a coragem é quem seria a fugitiva.
Entrou no carro e partiu. Saiu da cidade, que foi seu berço, sentindo o vento tentando lhe segurar e ele fingindo que eram carícias. Acelerava e sentia as algemas, que o prendia na pequenina cidade, começando a ficar para trás.
Quanto mais acelerava, mais a sensação de liberdade o possuía. Não sabia para onde estava indo e muito menos o que iria fazer quando chegasse, mas ele estava indo. Sem temer, ele estava correndo atrás do que mais o fazia falta ali. Ele corria atrás de si mesmo.

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